Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

23/04/2008

O (mau) produto próprio

A consumering esteve a contratar há bem pouco tempo. Em resposta a uns anúncios recebeu mais de uma centena de candidaturas. Ao longo do processo ocorreram uma quantidade de factos que revelam alguma coisa do estado do marketing:

- Bem mais de metade das pessoas apresentam-se como gado, indiferenciado. Mandam emails impessoais, com CVs em formato europass onde expõem as suas qualificações genéricas. Das quase 30 jovens raparigas chamadas algo como Ana Cristina, com licenciaturas em comunicação social e um emprego de experiência numa função desconhecida, não é possível escolher nem uma. Mandar um CV por email é a coisa mais fácil do mundo e qualquer empresa recebe às centenas. Porque é que vão escolher o teu ana-cristina23?
- Não é esperada uma resposta dos empregadores. Em principio são pessoas que vão trabalhar para um lugar, ocupar aí boa parte dos seus dias. Acham normal ir trabalhar para uma empresa que nem se digna a responder? A verdade é que as respostas enviadas a todos os candidatos foram recebidas como aves raras, papagaios na gronelandia.
- 80% dos candidatos nem sabe o que dizer. Imagine-se que manda um email a candidatar-se a um emprego. Recebe uma resposta explicando as condições desse mesmo emprego e não diz nada? Faz silêncio total? O que há de tão dificil em dizer: “infelizmente esta oportunidade não condiz com o que estou à procura”? Pois a verdade é que generalidade dos candidatos, voluntários, não foi capaz de emitir qualquer resposta ao desafio, demonstrando uma total incapacidade em assumir as consequências pelos seus actos.

A função era para auxiliar na gestão de marcas. Ora, quem não sabe que, trabalhar dá trabalho. Se deve ser responder aos clientes. E que de produtos indiferenciados está o inferno cheio. Tem um problema com a sua percepção do que é a gestão de uma marca.

Este momento à lá Seth Godin serve para lembrar que o marketing é ajudar a vender, e que vendas é aquilo que todos fazemos quando nos pagam para isso, se não vendemos, não nos pagam.

10/04/2008

Não é a melhor citação


mas é uma citação no Jornal de Negócios, coisa chique

08/04/2008

Allgo está podre no reino da marca

Anda por aí uma nova edição da cada vez menos interessante, mas sempre patética campanha de “promoção” do Algarve. Aquela campanha ilegível onde o reino deles (dos Algarves) aparece caricaturado como Allgarve, com dois élles. Apesar de ser apenas a repetição de uma polémica distracção passada, os bobos da corte continuam a debater-se com o assunto, alinhando aos magotes em facções opostas que arremessam ardentemente a sua ignorância uma contra a outra.

Os críticos da iniciativa continuam queixosos, alegando que o assunto não é só all-garve é mesmo todo-grave. Pois a marca deles é o “Algarve” e, segundo eles, um simples erro ortográfico ofende a mãezinha dela (da marca) e toda uma linhagem de gente que não sabe estrangeiro e portanto não pode ser confrontada com trocadilhos pueris em inglês. Pobres daqueles que se acham defensores de uma marca de turismo sem estofo para suportar uma mera piadinha. Deviam as damas ofendidas pela ortografia saber que tamanha falta de sentido de humor não fica nada bem a quem ambiciona ser um destino de férias.

Do outro lado da barracada, encontram-se os apologistas do programa e das demais iniciativas nele incluídas. Estes defensores, quiçá confortados com o que já facturam ou acomodados ao fado de parir tanto trabalho de má qualidade, contra argumentam, em esforço, que esta iniciativa se limita a ser apenas e tão só um programa de promoção, sem mais pretensão. Dizem-nos então, os apologistas, que o Allgave não é mais do que uma mera iniciativa pontual. Um programa passageiro onde se expõe aos incautos turistas, que o Allgarve não é “só” boas praias e golfe todo o ano, mas todo um conjunto medíocre de programas de variedades, shoppings de província, discotecas de engate e outros tantos dissuasores, que se complementam como ambos os dois elles, no Allgarve.

Curiosamente, tanto da primeira vez que o erro ortográfico veio para a rua, como nesta segunda reedição semi-requentada, muito pouca gente se incomodou com o desperdício que é verdadeiramente grave. No Allgarve, os milhões de euros empregues na iniciativa, continuam a ser cuidadosamente enviados para onde garantidamente não servem de grande coisa:

Em primeiro lugar, repete-se o (de)feito passado enterrar o dinheiro quase todo em espaço de publicidade (mupis e revistas) lisboetas (e portuenses). Ainda que a baixa produtividade dos portugueses e seus déficits consecutivos que não incentivem o país ao ócio, ao governo convém distrair os eleitores da triste realidade em que estão metidos e recordar os portugueses que o Allgarve ainda é nosso. Mesmo quando secretamente anseia pelo dia em que a Madeira grite o seu Ipiranga. Se as peças de publicidade do Allgarve não estivessem escritos num português invisível, estes anúncios talvez pudessem impressionar aqueles espanhóis que vieram passar a Páscoa a Lisboa, já não se perdia tudo.

Pela segunda vez, o erro segundo é a segunda categoria dos eventos que ocupam o cartaz do programa. Com esta pobreza de interesses, os promotores da incitativa talvez esperem ocultar que o ex-melhor sol da Europa, sofre dos excessos da fama e urbanização e brilha agora tão acabado quanto o cabeça de cartaz, Lou Reed. Um cantante decadente que ainda por cima é uma relíquia repescada do alinhamento de mediocridade que foi o Allgarve no ano passado.

Finalmente, temos uma campanha publicitária inconsequente, onde nem sequer o mais militante fã de “experiências que marcam” poderá ficar a saber onde encontrar algum jazz no meio dos buracos de golfe, ou “arte contemporânea em edifícios históricos”. Isto porque sobre um fundo pálido de amarelo e laranja, se sobrepõem letras brancas de tamanho microscópico e em tanta quantidade de texto que mais não fazem do que sujar os pobres outdores da campanha.

Enfim, quando se pensava que Portugall não podia Go Deeper, eis que o pessoal do combate ao turismo se volta a superar no seu desígnio de desbaratar do dinheiro aos contribuintes. Da iniciativa, ao menos se salva uma coisa: allgarve, west coast, lusitanea, go deeper, são uma linhagem demasiado consistente para serem tomadas por meras coincidências. As iniciativas deste calibre têm pela consistência dos objectivos, contribuído para que cada vez sejam mais as pessoas que sabem separar o trigo do joio na publicidade. A cada allarvidade que passa, são mais aqueles que reconhecem quem usa o dinheiro dos contribuintes para mandar poeira aos olhos dos eleitores.


(Artigo de Opinião para o Publituris)

07/04/2008

No futuro todos serão ricos.

O preço da publicidade na Internet não vai subir, vai fazer baixar os restantes preços.

Actualmente a publicidade na Internet é centenas de vezes mais barata do que nos meios tradicionais. Uma vantagem competitiva que seria só por si capaz de colocar os meios tradicionais em sentido e a fazerem contas à vida. Mas não é só na veiculação da mensagem que o online leva vantagem.
Para além da evidente vantagem de utilizar um meio barato e bidireccional para comunicar, a Internet, os meios online fornecem outra vantagem para o anunciante perspicaz. A produção online é muito mais barata. Enquanto gastar trinta mil euros para fazer um anuncio para televisão é muitas vezes considerado como uma pechincha. O mesmo dinheiro gasto num anúncio de Internet seria um esbanjamento típico de quem tem petróleo no seu jardim.
Muita gente gostaria que a Internet deixasse de ser tão pobrezinha e resolvesse corrigir os seus preços em alta acompanhando o resto da indústria. Mas por mais que alguns artistas andem a enriquecer por venderem produtos online a preços de offline, a verdade é que na Internet a publicidade vai continuar a ser terrivelmente barata.
Para manter os preços da Internet em baixa há que contar com a pressão da oferta de espaço proporcionada pelo user generated content e pelo elevado tempo dispendido online. Ou seja, porque na Internet o tempo de permanência é cinco a seis horas por dia, quase o triplo da televisão e também porque na Internet o público é também produtor de conteúdos trabalhando muitas vezes de graça, na Internet a oferta de espaço publicitário é excedentária o suficiente para manter os respectivos preços baixos.
Resta compreender uma questão. Se a publicidade na Internet é tão mais barata do que nos meios tradicionais, como é que este novo meio conseguirá o feito de suplantar a televisão enquanto maior destino do bolo de investimento publicitário? De onde vem o dinheiro?
O crescimento da publicidade online não se fará apenas canibalizando verbas dos outros meios. Boa parte do crescimento será alimentado pela introdução de uma quantidade de negócios que antes tinham o seu acesso à promoção completamente vedado. No século XX anunciar era uma brincadeira exclusiva das grandes empresas e outros latagões. Agora, por via da redução dos custos no online, as PMEs, as organizações não governamentais, os profissionais individuais e a demais arraia miúda, que sempre estiveram arredados do jogo publicitário, vão agora todos comer à mesa e fazê-lo como gente grande.


Opinião da (r)evolução para o Meios&Publicidade