Há muito tempo atrás, logo depois do tempo em que os animais falavam, mas ainda na altura em que o mundo era quadrado, houve um anónimo senhor que descobriu que a razão porque as pessoas não lhe compravam os seus produtos era porque não sabiam que ele os tinha para vender. Ora, como a necessidade aguça a o engenho, foi mais ou menos nessa altura que se inventaram tanto a propaganda quando o seu objectivo, a notoriedade.
Para o tempo que era, foi dito e feito. Quem queria vender explicava aos demais qual era a sua intenção e quem quisesse comprar iria à procura onde sabia que ia encontrar. Isto se chamava de notoriedade e tinha alguma utilidade nesses tempos em que o mais longe que se ia, era para casar com uma prima.
Desde então, a linha do horizonte alargou-se e fruto de umas novidades como o automóvel ou a telefonia, a “notoriedade” tornou-se tão útil quanto as cruzadas. Sendo apenas aplicada no contexto do soundbite, ou seja, no contexto em que vai prejudicar o negócio. O que faz em duas ocasiões.
A roer por um lado está a notoriedade da empresa, uma inutilidade que leva empresa sobejamente conhecidas a digladiar-se por uns pontos extra de uma coisa que não tem ideia para que serve. Por exemplo, os operadores de telemóveis têm entre si diferenças de notoriedade na ordem dos 2 ou 3%, enquanto as quotas de mercado diferem 20 ou 30%. Quer dizer que para a decisão de comprar um ou outro o conhecimento é completamente irrelevante, pois quase toda a gente conhece os operadores mas prefere comprar só a um.
Ainda mais estúpida por outro, é a notoriedade da publicidade, que é como quem diz, levar os consumidores, quais cãezitos amestrados, a reconhecer um anúncio. Também neste caso, não há nenhuma relação entre o reconhecimento de um anúncio e a preferência de uma marca. Portanto, seja do que for, a notoriedade é inútil e persegui-la resultará apenas em redução dos lucros.
Se mais argumentos fossem necessários: veja-se quanta notoriedade tem o Bibi da Casa Pia e pergunte-se quem é que o levaria para casa?